quinta-feira, 22 de abril de 2021

O monopólio da violência
David Dufresne cria um dispositivo bem interessante para abordar a violência policial. Ele coloca imagens de conflito nas telas feitas pelos próprios manifestantes e que apresenta, ao longo do filme, o fio condutor da história em torno das manifestações dos coletes amarelos na França. Diante dos vídeos exibidos num telão vozes heterogêneas tentam dá conta dos fatos apresentados a partir da relação entre insurgentes e polícia. Sociólogos, advogados, psicólogos e representantes de entidades ligadas aos direitos humanos juntam-se aos ativistas para refletir sobre o movimento político e a violência policial. Filme maravilhoso pois contrói uma narrativa reflexiva. Monópolio da Violência (2020) David Dufresne, França

terça-feira, 20 de abril de 2021

Política racial, direito civis e o FBI
O documentário é construído na relação entre o líder do quilate do Reverendo Martir Luther King Jr e a FBI. Na ambivalência entre a vida íntima, privada, e a militância pública vamos acompanhando a vida pública do pastor, sua luta política e os avanços dos direitos civis nos Estados Unidos. A narrativa é sustentada essencialmente por imagens de arquivo. A relação entre o público e privado fica evidenciada e as contradições que vem disso, sobretudo, no meio conservador norte-americano. MLK/FBI (2021) Dir Samuel D. Pollard, EUA

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Trump e a american way of death
Sob total controle bem que poderia ser sobre o Brasil na pandemia. Mas é sobre os Estados Unidos, Trump e a Covid. Esse é o terceiro filme que vejo sobre a pandemia (os outros dois sãos Coronation e 2020) e talvez seja o mais frágil dos três. É bastante evidente a posição política anti-trumpista. E talvez esse seja um grande mérito, se considerarmos a onda conservadora. Do início ao fim o diretor mostra os erros sucessivos do governo no enfrentamento da Covid. De coisas simples, como a testagem e o uso de máscara, à aposta na cloroquina. Interessa-me nesses filmes as estratégias e os dispositivos criados para captar a realidade nesse contexto Covid. Imagens captadas por celular, personagens filmando, tudo isso imposto pelas novas regras sanitárias e criando novos modos de apreensão. No caso do filme americano, o enquadramento à distància de um metro e meio, a barreira criada entre o cinegrafista e o personagem, o personagem enquadrado na maioria das vezes sozinho, tudo isso produz outras imagens. Sob total controle (2020) Dir » ALEX GIBNEY, OPHELIA HARUTYUNYAN AND SUZANNE HILLINGER EUA #etudoverdade #imagensdapandemia
Chaplin é um clássico do século XX na pequena história do cinema, essa arte tão nova... Fez uma centena de filmes, criou padrões, desenvolveu métodos dentro do sistema cinematográfico. É por isso que sua vida já foi contada e recontada inúmeras vezes. No entanto, aqui, no filme francês de Yves Jeuland sobre Chaplin, é a de classe que vai impregnar o olhar sobre a trajetória do mímico. Em alguns momentos a cinebiografia se afasta da hagiografia e mostra até a resistência conservadora do inglês frente à tecnologia do som no cinema. Outra a"mbiguidade é o flerte de Chaplin com as ideias mais "à esquerda", o que lhe rendeu uma retaliação americana e a suspensão do visto de residente na América. Imagens de arquivos, filmes de Chaplin e o off do diretor constroem a história. Se o cinema é arte do reencantamento isso se deve, em alguma parte, à mise-en-scène inaugurada por Charles Chaplin. Charles Chaplin, o gênio da liberdade (2020) Dir Yves Jeuland, França #etudoverdade #charleschaplin
O dissidente é uma mega produção realizada em vários países. Isso por si só já dá um certo ritmo ao filme que cria a sensação de atenção. Ele poderia ser sobre um personagem, que é vítima de um sistema autoritário. O jornalista do Washington Post, Jamal Khashoggi. Um doc-thriller. Mas é sobre outras tantas coisas, como fluxo de informações, redes sociais, vigilância, repressão... Em termos de formato, ele é bem convencional. Centrado em entrevistas e com uso clássico de imagens de arquivo. Mas o interesse sobre a alteridade que é o Oriente Médio é que atraí as atenções pra ele. O dissidente (The Dissident), 2020. Dir Bryan Fogel, EUA #étudoverdade #cinemaamericano #documentário #etudoverdade
O documentário Fuga abriu o Festival É Tudo Verdade 21. Feito em animação e centrado no relato memorialístico de um personagem afegão, o filme aborda questões contemporâneas centradas na condição existencial de um refugiado que saí do seu país e vai morar na Dinamarca ainda adolescente. Imagens de arquivo trazem a dimensão histórica do filme. E aos poucos, o relato, quase psicanálitico e em flashback, vai revelando a dimensão trágica que envolve duas singularidas, a de ser refugiado e a de ser homoafetivo. O filme venceu o Festival de Sundance. Ele é intenso, bonito e com um roteiro muito bem construído. Visto em 08 de abril de 2021. Fuga (Flee), Dir Jonas Poher Rasmussen (2021) Animação #étudoverdade #etudoverdade #documentario #cinemacontemporaneo
Tirando a pooeira, depois de quase 5 anos. Muita coisa mudou, mas a paixão pelo cinema permanece. Aqui postarei filmes, livros e séries. Procurando sentido, buscando razões. Obrigando-me a retornar para alguma cinefilia no meio do caos de uma pandemia.